10 anos de carros Flex no Brasil

Esta tecnologia está em uso nos Estados Unidos desde o início da década de 90. O motivo para os americanos a utilizarem é por conta da alta dependência de petróleo produzido pelos países membros da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). Sendo assim, a ideia de utilizar etanol nos carros foi para que essa dependência diminuísse e o país equilibrasse as suas economias.

No Brasil a ideia é diferente, não se teve um motivo pelo qual fosse necessária a vinda do sistema, visto que nosso país é rico tanto na produção de petróleo quanto na produção do etanol, e incluir um veículo que utilize os dois não é estratégica e economicamente viável.

Em março de 2013, o sistema de Flex de combustível completou 10 anos no Brasil. O primeiro carro a utilizá-lo foi o Volkswagen Gol Total Flex. Nesses dez anos já é possível termos uma certeza desse sistema, será que ele é bom para você e para o seu carro?

Gol Total Flex

Primeiramente, vamos entender como funciona esse sistema.

Um carro Flex não é considerado “bicombustível”, já que o álcool e a gasolina são utilizados no mesmo tanque reservatório. Só pode ser considerado bicombustível um veículo movido a gasolina/álcool e Gás Natural, pois o gás tem seu próprio reservatório.

Com a chegada da Injeção Eletrônica nos veículos, se tornou possível a implementação do sistema FLEX, pois ao invés de acontecer a mistura ar-combustível de uma forma física como era com o antigo carburador, agora o volume de combustível que é injetado é gerenciado por um Módulo de Controle Eletrônico (ECM).

A taxa de compressão, ou seja, a quantidade de vezes que a mistura de ar-combustível é comprimida antes de explodir, é intermediária nos carros Flex.

A taxa da Gasolina é de normalmente 9:1 (nove vezes o volume original) e do Álcool é 12:1. Nos carros Flex, a taxa funciona em mais ou menos 11:1, ou seja, nem perfeito para um combustível, tão pouco perfeito para outro.

Mas o ECM consegue controlar isso e se encarrega de calcular muitos dados para saber o quanto de combustível deverá liberar, como rotação por minuto do motor (RPM), temperatura do ar que o motor está admitindo, quanto o acelerador está aberto, pressão no coletor de admissão, etc. Tudo isso é calculado por sensores específicos e os resultados são enviados ao ECM.

Então, para um veículo Flex, é utilizado o Sensor de Oxigênio, chamado de Sonda Lambda. A finalidade desse sensor é identificar a mistura ar-combustível que está sendo queimada, identificar a diferença de oxigênio e transmitir essa informação ao ECM para que ele faça o ajuste necessário, e tudo isso ocorre em poucos segundos.

Na teoria tudo funciona muito bem, porém na prática não é bem assim, começando pela necessidade de se ter um carro Flex atualmente. Com a variação de preço dos combustíveis, fica complicado de saber quando abastecer com álcool e quando abastecer com gasolina.

Mas a resposta é simples: só se deve abastecer com álcool se o preço deste for 30% menor que o preço da gasolina, isso porque a autonomia dos veículos a álcool é de 30% menor que os movidos à gasolina. Como os preços de ambos estão próximos, é inviável utilizar álcool no carro.

Outro ponto negativo dos carros FLEX, é o alto consumo de combustível. Muitos proprietários de carros com esse sistema percebem a grande diferença no consumo. As montadoras não sabem explicar o que causa isso, e ainda garantem que os motores atuais são econômicos.

Mas para nível de comparação, segue abaixo uma tabela com modelos de veículos que utilizavam apenas Gasolina e passaram a utilizar o Sistema Flex. Lembrando que os valores são apenas aproximados.

consumo_veiculos

O provável motivo para o alto consumo se deve pela taxa de compressão não ser adequada nem para o álcool nem para a Gasolina.

No geral, não existe vantagem de se ter um carro Flex atualmente, porém, como as montadoras insistem nesse sistema, e a maioria dos carros populares não sai das fábricas sem o sistema Flex, o valor de venda deles está em alta. Este pode ser o único ponto positivo, a fácil venda com pouca perda de valor de mercado.

Esse é  o primeiro artigo de uma sequencia de artigos falando sobre tecnologias aplicadas em veículos, como, ABS, EBD, Kers e etc. Qualquer sugestão é bem vinda, por favor comente e pergunte sobre o que deseja saber.

Até o próximo artigo.

Compartilhe e curta!

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.