Já é comum aos nossos ouvidos a sigla BIM (Building Information Modeling), quando a escutamos logo pensamos num modelo 3D de maquete eletrônica. E se isso o faz pensar que o modelo 3D é mais que o suficiente para a perfeita execução de um projeto, você está enganado. A prática nos mostra que o resultado construído raramente reflete 100% corretamente o que foi planejado, pois interferências, ineficiências, alterações de projeto ou de especificações fazem com que a obra física acabe se alterando.
O BIM 3D se trata de um modelo 3D consolidado de todo o projeto, ou seja, englobando tanto o aspecto arquitetônico como elementos mecânicos, hidráulicos e elétricos. Neste modelo temos todas as informações para a caracterização do projeto e posicionamento espacial dele. Além da melhor visualização espacial, o BIM 3D traz como grande benefício o poder de compatibilização de projetos, onde podemos ver onde estão os conflitos entre eles. Como uma escada mal posicionada, ou um tubo colidindo com uma parte estrutural importante.
Já o BIM 4D adiciona a variável temporal ao projeto, assim é possível incorporar ao modelo informações sobre cronograma da obra, sequência e fases de implementação. O BIM 4D além de permitir a visualização virtual e de forma mais fácil o progresso da obra, permite um controle mais preciso sobre os prazos de execução. Essa maior precisão é dada porque nos é permitido explorar as diversas possibilidades de execução da obra, alternando métodos e sistemas construtivos para chegar a um melhor resultado. Além de poder permitir podermos elaborar o planejamento geral da obra, o BIM 4D nos permite simular a execução de uma etapa específica, como a concretagem.
O BIM 5D agrega os custos da obra ao modelo tridimensional com o planejamento. Assim, cada elemento do projeto realizado passa a ser vinculado a um custo. Com isso, o fechamento em alvenaria fica ligado ao seu orçamento e aos insumos usados na sua produção, por exemplo. Uma alteração nas dimensões da alvenaria, automaticamente atualiza o orçamento da obra. Isto faz com que possamos planejar e evitar desperdícios, analisando as diversas possibilidades que temos ao planejar uma obra e então estimar os custos por fases dela, criando um cronograma físico-financeiro mais preciso.
O BIM 6D ajuda a realizar a análise do consumo de energia, e está fortemente ligado a questões de sustentabilidade. A utilização dessa tecnologia pode resultar em estimativas de gastos energéticos mais completas e precisas no início do processo de design. O BIM 6D também permite a medição e verificação durante a ocupação da construção e ainda melhora o recolhimento de informações que tiramos de instalações de alto desempenho.
Por fim o BIM 7D traz a análise do ciclo de vida do projeto e a gestão das instalações, permitindo controlar a garantia dos equipamentos, planos de manutenção, dados de fabricantes e fornecedores, custos de operação e até mesmo fotos. A sétima dimensão do BIM permite que os gestores possam extrair e rastrear dados de ativos relevantes, tais como status de componentes, especificações, manuais de operação, datas de garantia entre outros.
Todas essas novas dimensões não significam que o BIM constitui somente uma mudança de ferramenta de trabalho. Ele se constitui primeiramente numa mudança de nossa filosofia de trabalho, da maneira que planejamos e lidamos com nossos projetos.
Vinícius Feller
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Estudante de Engenharia Civil
Autor e Instrutor Render